Neste CARNAVAL ainda temos vaga. Caia na folia tranquilo e despreocupado com seu cãozinho. Na Creche e Hotel Ossos do Ofício não existem baias nem gaiolas. Seu cãozinho monitorado 24 horas por dia, inclusive à noite! Localizada na Vila Mariana, coração de São Paulo, numa área verde e espaçosa.
Rua: Doutor Lopes De Almeida, 68, Vila Mariana, São Paulo, SP, CEP 04120-070, Brasil. Telefone: (11) 5579-9060; (11) 9 4197-7799; (11) 9 9993-5197
Você certamente notou nos cães, mesmo nos mais novos, pelos nas laterais dos focinhos. Pois bem, esse pelos, normalmente chamados de bigodes, não tem apenas funções estéticas, como nos seres humanos – podemos até nos perguntar se os pelos faciais nos humanos apresentam outras funções que não as estéticas. Certamente sim, mas vamos aos cães!
Esses “bigodes” são tecnicamente chamados de vibrissas. São pelos duros, saídos das laterais dos focinhos, e tem a sofisticada função de ajudar na orientação espacial e localização de objetos. E não são exclusivas dos cachorros. Podem ser encontradas em muitos outros animais, como gatos, ratos, ursos e focas, por exemplo. Num texto sobre o tema publicado no livro “Os Cães Sonham”, se Stanley Coren, o autor cita que uma das maneiras de identificar a importância de um órgão é verificar o quanto isso ativa o cérebro. Cita o autor: “Nos cães, das áreas do cérebro que registram informações relativas ao toque, quase 40% são dedicadas à face, com uma quantidade desproporcionalmente grande dessa área dedicada às regiões do maxilar superior, onde estão localizadas as vibrissas.”
Dentre as funções das vibrissas, segundo o autor, está a de avisar que algo está próximo à face. Faça um teste: toque em uma das vibrissas do seu cão e você verá que o olho da mesma face pisca de forma protetora. O cachorro tende a virar a cabeça, se afastando do lado tocado.
Outra característica envolve a localização de objetos. Os músculos que controlam as vibrissas tendem a se dirigir um pouco para frente quando o animal se aproxima de algo. Em seguida, vibram rapidamente enquanto o cão balança a cabeça, passando esses fios pela superfície dos objetos. Essa vibração, segundo Coren, “… fornece informações sobre a forma e o tipo de superfície que está perto da cabeça do cão”. Como a anatomia do cão não permite que seus olhos foquem em objetos próximos – seu focinho bloqueia a visão quando ele observa coisas próximas à boca – “…as informações fornecidas pelas vibrissas parecem ajudar o cão a localizar, identificar e pegar pequenos objetos com a boca.”
É por isso que, aqui na nossa creche para cães, quando algum tutor nos pede para levar o cachorro a um pet shop, recomendamos firmemente ao estabelecimento para não cortar os “bigodes”. Além da amputação das vibrissas ser estressante e desconfortável para seu amigo, esse importante e sensível órgão ajuda, inclusive, a registrar pequenos deslocamentos de ar, impedindo ao cão, por exemplo, quando caminha no escuro, que se choque com uma parede. Fica a dica!
Dados recentes indicam que a população de cães, no mundo, já supera os 500 milhões de indivíduos. Esse número pode ser ainda maior, pois em regiões mais remotas do planeta não há métodos precisos para a identificação de toda a população, especialmente os cães de rua.
O crescimento populacional dos caninos foi impulsionado nas últimas décadas muito em função do desenvolvimento da medicina veterinária, medicamentos para tamanhos e raças específicas, rações para cada tipo de cão e dietas naturais que complementam a nutrição de nossos amigos. Tudo isso suportado por uma indústria de consumo que ultrapassa a módica cifra de 100 bilhões de dólares anuais. Isso mesmo, trata-se, segundo analistas, do segundo maior mercado de consumo do mundo.
Com tanto dinheiro envolvido, essa é uma indústria que se retro-alimenta, e como precisa de crescimento constante, incentiva a aquisição de mais cãezinhos por seres humanos. Mas outros fatores estão por trás desse número impressionante de cachorros. Um deles é a facilidade de adaptação dos cães ao mundo humano. Como cita Stanley Coren no seu livro “Os Cães Sonham?” (pág. 206), “Quando Charles Darwin falou a respeito da sobrevivência do mais apto, … Estava falando da sobrevivência das espécies mais bem-sucedidas na reprodução e sobrevivência de seus descendentes para se reproduzirem”.
Ou seja, além de se adaptarem muito bem ao universo humano, cuidamos da saúde e alimentação dos cães, o que facilita sua capacidade de se reproduzir. Além, disso, não tem predadores naturais. Outro fator muito interessante citado por Stanley Coren em seu livro é que, como subproduto da domesticação, nós mudamos seus padrões de procriação. Assim, enquanto fêmeas de lobos e cães selvagens entram no cio uma vez por ano, a grande maioria das raças domesticadas o faz duas vezes por ano, produzindo o dobro de descendentes.
Se os fatores acima impulsionam o crescimento da espécie, acabam também gerando uma superpopulação de cães. Felizmente vemos, aqui em nossa creche para cães, um número grande de animais adotados. Mas ainda é pouco. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que entre 4 e 6 milhões de cães sejam sacrificados anualmente simplesmente por falta de quem os adote!!!
Num universo de famílias reduzidas, cães fazem parte importante da vida afetiva dos humanos. Adquirir um cãozinho ou mesmo adotá-lo, dar afeto, carinho, cuidado veterinário, alimentação adequada e providenciar a correta socialização, nos faz sentir mais úteis por cuidar de uma espécie que nos acompanha há dezenas de milhares de anos. Como já falamos em alguns posts, vivemos numa sociedade inter-espécie. Penso que nosso compromisso com o planeta passa, também, por criar condições de uma vida melhor aos nossos melhores amigos.
Seu cachorro está ficando mais velho. E agora, o que fazer? Como podemos nos adaptar e ajudar nosso amigo nessa fase, criando condições para manter seu conforto e segurança?
Felizmente, o avanço da Medicina Veterinária tem sido grande nas últimas décadas, se refletindo em medicamentos mais sofisticados que permitem maior longevidade para os animais domésticos.
Podemos dizer que um ser vivo envelhece a partir no momento em que nasce. Mas vamos considerar, para fins práticos, os 25% finais do tempo de vida previsto para a raça, como propõe Ceres Berger Faraco, em seu artigo “Envelhecimento de Cães e Gatos” (Livro: Fundamentos do Comportamento Canino e Felino, Ed. MedVet). Nesse período, o autor analisa aspectos físicos, biológicos e comportamentais, alguns descritos abaixo:
Energia: cães pode levar mais tempo para fazer as caminhadas. Também passam mais tempo dormindo. Mais paciência com ele. Se tiver sorte, você também chega à senilidade;
Doenças: diabetes podem, por exemplo, comprometer a capacidade de micção; artrites podem causar irritabilidade;
Sistema nervoso central: demência pode causar comportamentos incomuns, antes despercebidos pelos donos, bem como perda gradativa capacidade cognitiva;
Ambiente: procure evitar que seu cão suba e, principalmente, desça escadas. Sua anatomia não é adequada para esses movimentos. Se ele dorme na cama com você, coloque uma almofada no chão que sirva de suporte;
Função motora: declínio de comportamento exploratório, atividades espontâneas, exercícios e comportamentos de fuga, bem como aparecimento de repetições de comportamentos disfuncionais;
Alterações de peso: atenção à obesidade para cães e mudança de apetite. Há rações e alimentação natural específicas para cachorros senis;
Esquecimento de comportamentos e hábitos previamente apendidos, desorientação espacial, redução da reatividade e percepção de estímulos;
Perda das habilidades para se adaptar a estresses orgânicos e ambientais. Mudanças de temperatura e de locais são particularmente estressantes para cães com idade avançada. Evite mudanças e proteja o ambiente dele do frio e correntes de ar;
Doenças degenerativas podem estar relacionadas a alterações no padrão de sono, menor interação com outros animais e pessoas, esquecimento do aprendizado e redução da auto-higiene. O animal também pode defecar em locais da casa onde nunca havia feito. Eliminação de urina e fezes podem ocorrer quando o cão está dormindo.
Como consequência da dor, perda de visão ou audição, o cão pode ficar mais assustado e agressivo. Evite, portanto, mudanças drásticas de estilo de vida nesse período. Em nossa creche para cães, por exemplo, solicitamos aos tutores de cães idosos que apresentem um atestado veterinário afirmando que podem ter contato com outros cachorros.
E, nessa fase da vida onde nosso amigo mais precisa do nosso apoio, é fundamental aumentar as visitas ao veterinário, que pode receitar medicamentos, alimentação e procedimentos com o objetivo de aumentar a qualidade de vida dos nossos amigos.
Quando seu cachorro quer se expressar ele late, gane, rosna, geme ou mesmo uiva. Sons são importantes instrumentos de comunicação e para os cães, na maioria das vezes, tem um objetivo direto e específico. Exemplo: você chega à noite em casa e seu cão, sozinho durante o dia, late várias vezes. Imediatamente recebe seu carinho. Ou então um cachorro rosna quando outro se aproxima do pote de comida. O cão intrometido tende a se afastar.
O uivo, outro som bastante interessante emitido pelos cães, pode indicar isolamento e ter, como efeito desejado, a reunião da matilha. Nesse caso, esse efeito não é imediato, pois entre o uivo e a reunião há um tempo maior envolvido. E, embora não seja frequentemente emitido pelos cães domésticos, na natureza seus ancestrais, os lobos, uivavam e até chegavam a formar um único e alegre coro de celebração.
Algumas poucas vezes – à noite – tivemos a sorte de presenciar um coro canino em nosso espaço de creche para cães. Como a rua onde ficamos tem vários cachorros, quando um começou a latir n´alguma casa, outros o seguiram, formando um espetáculo musical de rara beleza, em que cada indivíduo se distinguia do outro pelo tom de seu uivado num coral afinadíssimo.
A festividade do coral, aliada às noções de tom vocálico e tempo (uma matilha ou alcateia leva tempo para se reunir), pode indicar que os cães tem predisposição à música. Afinal, a afinação do coral canino, além de celebrar alegremente a reunião de indivíduos num grupo, envolve também uma complexa inteligência temporal.
Essa inteligência temporal se manifesta tanto na espera da reunião dos indivíduos quanto no momento da música, quando cada cão parece ter a noção do tempo do uivado (isso é uma impressão particular!!!) e do tom de sua manifestação vocálica. Quem já cantou num coral sabe que quando um indivíduo erra o tempo de entrada/saída ou canta num tom de voz dissonante desafina todo o canto coletivo.
Imagine, então, pesquisarmos o ato e o efeito da música entre os cães? Poderíamos, assim, entende-los como seres ainda mais próximos dos humanos? Stanley Coren no seu livro “Os Cães Sonham?”, cita uma pesquisa feita pela psicóloga Debora Wells, da Queens University, de Belfast (pág. 85). Ela expôs cães de um abrigo a diferentes tipos de música e observou seu comportamento.
Ao ouvirem heavy metal, os cães ficaram agitados e latiram. Músicas populares e conversas humanas tiveram repercussões parecidas. Já a música clássica teve um efeito calmante entre os cães – entre as músicas apresentadas estavam “As quatro estações” de Vivaldi e “Ode à Alegria”, da 9ª Sinfonia de Beethoven.
Na nossa creche para cães, após o almoço, colocamos trechos do “Concerto de Brandemburgo”, de Bach. Na prática, a música de excelente qualidade os acalma e relaxa. Todos dormem enquanto fazem a digestão. Fica a dica!!!
Termino esse post citando um trecho de Wells, da Queens University, autora da pesquisa acima: “… Acredita-se, agora que os cães podem ser tão exigentes quanto os seres humanos no que diz respeito a preferências musicais”.